Seca provoca 262 focos de incêndio no Pará em dois dias

O Globo, O País, p. 15 - 20/10/2005
Seca provoca 262 focos de incêndio no Pará em dois dias

A seca no Pará já provoca a retomada de queimadas e incêndios em todo o estado. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou 262 focos de incêndio no território paraense nos últimos dois dias. Comparada com os índices de outros estados da região, a situação é dramática. No Acre, cujas queimadas controladas estão liberadas, o Inpe não registrou foco de incêndio. Em Rondônia só foram dois focos; no Amazonas, sete; e em Roraima, quatro.
Dos focos registrados pelo Inpe, pelo menos dez são em unidades de preservação. E alguns incêndios estão acontecendo em municípios onde a seca dos rios é mais intensa. Segundo dados do instituto, há incêndios em municípios como Itaituba, Terra Santa e Oriximiná, que decretaram estado de emergência por causa da estiagem nos rios. Nessas cidades não chove desde o fim de junho.
Em Oriximiná, o incêndio atinge a reserva biológica do Rio Trombetas e a Floresta Nacional do Saracá-Taquera. Em Terra Santa, o fogo alcançou a floresta nacional do município. Em Itaituba, o incêndio se alastra pelo parque nacional.
Incêndios em florestas e parques nacionais
Há focos de incêndio na Floresta Nacional de Trairão, na reserva biológica de Tapirapé, em Marabá; no Parque Nacional da Amazônia e na Floresta Nacional Tapajós, em Aveiro.
No Pará, os municípios mais atingidos pela seca, começaram a receber o socorro das equipes da Defesa Civil. Cerca de 130 mil moradores de nove municípios castigados pela estiagem receberão ajuda. Faltam alimentos e água. As primeiras comunidades atendidas serão as ribeirinhas.
A Defesa Civil deve distribuir cestas básicas, remédios e água potável. O secretário executivo da Associação dos Municípios da Calha Norte, Antônio Neto, disse que os proprietários de pequenos barcos estão impedidos de navegar por causa da seca.
Em Terra Santa, as mulheres cavam buracos de cerca de um metro de profundidade para poder retirar a água que vai servir para cozinhar o pouco de comida que ainda resta e para matar a sede. Quando o buraco seca, cavam outros em algum ponto mais adiante.
No município, cerca de mil famílias estão isoladas. As escolas fecharam porque os barcos não conseguem mais fazer o transporte dos alunos. A intensa seca no Oeste do Pará, uma novidade na região, tem modificado os hábitos das comunidades pesqueiras.
Para matar a sede, quilômetros de caminhadas
No município de Faro, metade dos cerca de 14 mil habitantes sofre com o desabastecimento de água. Em algumas comunidades a água vem de pequenas nascentes. Em muitos casos é preciso andar até dois quilômetros para conseguir se abastecer.

OESP, 20/10/2005, O País, p. 15
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