Parque Nacional do Itatiaia é tema de série especial da TV Rio Sul - parte 3

G1 - http://g1.globo.com/ - 25/02/2015
Uma ilha de biodiversidade cercada de devastação por todos os lados. No entorno do Parque Nacional do Itatiaia, quase toda a mata foi dizimada pela urbanização desordenada. A reserva ambiental guarda o que sobrou da flora da Serra da Mantiqueira. A vegetação do parque se divide em três grupos: no topo, os campos de altitude. Em uma área de transição fica a floresta alto-montana. E embaixo, a floresta montana. É onde cresce a palmeira-juçara. Ainda vítima da extração ilegal para aproveitamento do palmito, é uma espécie ameaçada de extinção. "Muito importante a gente pensar nessa planta, no poder que ela tem de sequestrar carbono. E manutenção de água, a manutenção do solo dentro da floresta. E essa questão da estrutura florestal", explicou Sérgio Sarahyba, biólogo.

Cada palmeira produz apenas um broto de palmito. Para retirá-lo, é preciso derrubar a árvore inteira. Sem ela, toda a floresta perde recursos. Dezenas de animais, como esquilos, sabiás e tucanos, se alimentam do fruto da palmeira-juçara. Rico em nutrientes, inclusive para o ser humano, ele pode ser usado na produção de sucos e sorvetes. Para o biólogo do parque, a preservação da espécie passa pela exploração e cultivo controlado desse fruto. "Uma planta produz centenas de frutos. Muito mais útil, muito mais sustentável do que derrubar a planta para usar 50, 60, 70 centímetros do ápice da estepe, do como do palmito", disse.

No planalto a paisagem é bem diferente. A 2.500 metros de altitude, encontramos uma vegetação campestre muito peculiar. Em meio a montanhas e rochas únicas, as formas e as cores dessas plantas foram moldadas por histórias de resistência e sobrevivência a temperaturas negativas extremas, intensa radiação solar e milhares de anos de competições e interações entre diferentes espécies. A flora do parque se formou há 18 mil anos, mas muito pouco se tem de mata primitiva. Atividades agrícolas no início do século XX e grandes incêndios destruíram boa parte da paisagem original. No Brasil, os campos de altitude só existem na região sudeste. O planalto do Itatiaia concentra mais da metade da extensão desse tipo de vegetação no estado do rio.

"Ambiente florestal a gente tem em todo lugar, mas campo de altitude é um ambiente restrito. Isso já faz com que o parque tenha uma grande importância", disse Izar Aximoff, pesquisador. Há dez anos ele se dedica ao estudo desse ecossistema. Tempo suficiente para identificar dezenas de plantas e curiosidades. Como o deslumbrante lírio vermelho, que florece no verão e se esconde no inverno para armazenar energia. Grande produtor de néctar, apresenta duas espécies diferentes, mas é quase impossível distinguir. Culpa do beija-flor. "O mesmo beija-flor, que poliniza as duas espécies, ele faz com que o pólen de uma espécie chegue à estrutura reprodutiva da outra espécie e ocorre a fecundação", explicou Izar.

Superfícies escuras e aveludadas ajudam a suportar o frio. O formato de roseta também é uma arma no combate aos desafios do clima. Uma folha faz sombra sobre a outra, proteção contra o sol e as geadas. Mas poucas são tão fortes como esta bromélia, a fernicea itatiaia. Nativa do parque, ela resiste ao fogo e se regenera depois de um incêndio. "Ela tem, como se fosse um bulbo, que faz com que mesmo que pegue fogo, esse bulbo é resistente. Esse meristema fica protegido no interior da bromélia. Então, após a passagem do fogo, a bromélia consegue regenerar", disse o pesquisador. Além disso, ela nasce sobre a pedra, o que não é nada fácil. Ao contrário do solo, as rochas não armazenam nutrientes nem acumulam água. Crescer sobre essa superfície, só com uma mãozinha dos musgos. "A partir do momento que a pedra está colonizada por musgos, que conseguem reter um pouco de água, isso facilitar com que sementes de outras espécies consigam germinar em cima do musgo", explicou Izar.

Cortesias como essa formam as chamadas ilhas de vegetação. Mais de 160 espécies vivem nesses ambientes. Mas nem tudo são flores. A lei do mais forte também se aplica aos vegetais. A drosera montana é uma predadora implacável. Encontrada sempre perto do solo e em barrancos úmidos, ela se alimenta de pequenos animais. Insetos como aranhas e formigas ficam presos em um líquido viscoso expelido pela planta. Depois de matar, ela suga nutrientes e sais minerais das vítimas. "A folha, de maneira bem devagar, ela começa a se fechar de maneira a toda superfície da folha entrar em contato com a formiga", disse.

Um universo rico em força e beleza. Exemplos de superação e companheirismo. Seres vivos irracionais, mas criativos. Um parque nacional ...Com um tesouro sem fronteiras. "A unidade de conservação, ela é criada não para poucas pessoas que visitam, mas para humanidade inteira", ressaltou.



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Produção Cultural:Cinema, TV, Vídeo

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