Funcionários de parque arqueológico são demitidos por falta de dinheiro
Servidores decidem trabalhar como voluntários por falta de alternativa
A arqueóloga Niède Guidon, co-gestora do Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, demitiu ontem os 214 funcionários da Fundação Museu do Homem Americano que faziam a vigilância, a manutenção e a administração do maior parque arqueológico a céu aberto do mundo. Como informou Ancelmo Gois em sua coluna ontem, as demissões ocorreram porque o Ministério do Meio Ambiente não liberou as verbas para a a administração do parque.
Falta verba para pagamento de salários
Segundo Niède, faltam recursos para pagar os salários de novembro, que somam R$190 mil. Os servidores decidiram trabalhar voluntariamente porque não têm alternativa de emprego na região. O Parque da Serra da Capivara, repleto de pinturas rupestres com milhares de anos, é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1991, quando foi tombado pela Unesco, órgão das Nações Unidas para a Educação e Cultura.
Os funcionários disseram que vão trabalhar como voluntários porque, se forem para casa, ficarão passando fome com seus filhos e o parque correrá o risco de ser depredado por caçadores e invadido pelas queimadas disse Niède Guidon.
A administração do parque é dividida com o Ibama, que tem apenas 18 funcionários para o trabalho de manutenção e delega o serviço à Fundação, responsável pelas pesquisas arqueológicas. Niède disse que o parque precisa de R$400 mil mensais e o Ibama, que assinou o convênio com a Fumdham, não tem nem recursos nem para o combustível.
Todos os parques passam pela falta de recursos, mas o Parque da Serra da Capivara tem estrutura muito grande, recebeu muitos investimentos até agora e não pode ser abandonado disse Niède Guidon, explicando que o problema está no contingenciamento dos recursos do Orçamento da União.
O Ibama prometeu ontem liberar até dezembro R$424,3 mil para o parque.
O Globo, 02/11/2005, p. 13
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