Estado cria a maior unidade de conservação do Pantanal

Midianews-Cuiabá-MT - 28/12/2004
Decreto assinado este mês pelo governador Blairo Maggi cria a maior unidade de conservação de Mato Grosso no Pantanal. Com uma área de 108,9 mil hectares, o "Parque Estadual Encontro das Águas" está localizado entre os Municípios de Poconé e Barão de Melgaço, ao Sul de Cuiabá. Exuberante reino das águas, um oásis biológico da vida silvestre, a área prioritária para a conservação da biodiversidade abriga aves, mamíferos, peixes, anfíbios e répteis, além de exemplares de espécies da flora pantaneira.

Situada na maior planície alagável contínua do mundo, formada pela Bacia do Paraguai e pelo regime cíclico das águas, a área do parque é contemplada por vários afluentes importantes como os rios Cuiabá, Piquiri, Pirigara, Cassange, Três Irmãos, Alegre e outros pequenos tributários. As artérias dos rios que contribuem para o alagamento do Pantanal formam no parque um complexo único da fauna e flora, ostentando um mosaico da explosão selvagem num dos mais belos ecossistemas do planeta.

Com a implantação do parque, que vai garantir a proteção dos recursos naturais e a movimentação das espécies da fauna nativa, preservando amostras significativas dos ecossistemas naturais existentes, o Governo do Estado prioriza a política de preservação do meio ambiente.

Preocupado com a pesca predatória e o turismo desordenado na região, ao assinar o decreto criando o parque, o Governo do Estado também propõe para o local, dentro de cinco anos, a execução de um plano de manejo. A medida visa a proporcionar à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema) o aumento da fiscalização, o controle de visitação pública, a educação ambiental e a pesquisa científica.

"Vamos ter um habitat natural a mais para a preservação e reprodução dos peixes. Dentro do parque a pesca está proibida e no seu entorno nós vamos ordenar a atividade pesqueira", afirmou o coordenador de Unidades de Conservação da Fema, Júlio César Barbedo de Souza.

Segundo ele, o controle da pesca no entorno do parque vai garantir a sobrevivência e a reprodução de peixes do Pantanal como o pacu, dourado e pintado e curimbatá, dentre outras espécies.

De acordo com o secretário especial de Meio Ambiente e presidente da Fema, Moacir Pires, a área apresenta um mosaico integrado de paisagens, associado a um importante corredor ecológico, interligando as unidades de conservação federais, estaduais e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que existem no entorno da unidade de conservação estadual nos limites dos Municípios de Poconé e Barão de Melgaço.

A criação do parque foi aprovada por membros de entidades governamentais e não-governamentais em audiência ocorrida dia 5 de novembro, no auditório do Parque Estadual Massairo Okamura, em Cuiabá. Durante a audiência, foram discutidos problemas existentes no Pantanal, como a pesca predatória e o turismo desordenado.

A implantação de mais uma unidade de conservação na região foi considerada pelos participantes da audiência de vital importância para proteger as comunidades das espécies da fauna e da flora, além de assegurar a proteção integral dos recursos bióticos e abióticos da região pantaneira. "Houve um consenso para aprovar a criação do parque", disse Júlio César.

Com a criação do Parque Estadual Encontro das Águas, aumenta para 14 o número de unidades de conservação estaduais distribuídas nos ecossistemas do Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônia. O total da área protegida pelo Estado para preservação da fauna e da flora é superior a 900 mil hectares. Dentre os parques estaduais se destacam a Serra Azul, Ricardo Franco, Cristalino, Santa Bárbara, Araguaia, Guirá, Águas Quentes e Águas de Cuiabá, Nascentes do Rio Taquari e Serra de Sonora, dentre outros.

PANTANAL - O vasto Pantanal, com 230 mil quilômetros quadrados, entre os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é de particular relevância, uma vez que representa o elo entre o Cerrado, no Brasil, o Chaco, na Bolívia, e a região amazônica, ao Norte.

O ecossistema funciona como um grande reservatório, provocando uma defasagem de até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. Este fenômeno, repetido há milhões de anos, transformou o Pantanal na maior superfície úmida do planeta abrigando a maior reserva ictiológica da América do Sul. Segundo a organização não-governamental WWF, existem na região mais de 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.

O transbordar das águas se processa entre dezembro e maio, obrigando os animais a buscar as áreas mais elevadas do terreno (cordilheiras). Em maio, cessam as chuvas, mas o nível das águas continua alto, exibindo a força e a beleza de sua vegetação.

A partir de junho, as águas começam a baixar. É a vazante. As águas vão voltando lentamente para o leito dos rios e muitos peixes ficam presos em lagoas e baías, tornando-se presas fáceis para os pássaros e animais. Com esta fartura de alimentação, as aves, em especial as aquáticas, garantem a fonte protéica necessária para manter o ciclo da reprodução.

Conforme a publicação Ecossistemas Brasileiros, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a ocupação do Pantanal se deu há dez mil anos por grupos indígenas. A adequação de atividades econômicas ao Pantanal surgiu do processo de conquista e aniquilamento dos índios guatós e guaicurus por sertanistas.
(-Midianews-Cuiabá-MT-28/12/04)
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