Em crise, parque arqueológico do Piauí pode ficar sem segurança

FSP, Ciência+Saúde, p. C9 - 15/01/2014
Em crise, parque arqueológico do Piauí pode ficar sem segurança
Fundação que administra o parque da Serra da Capivara deu aviso prévio aos funcionários
Arqueóloga ameaça encerrar atividades da fundação por falta de verba; governo diz que vai garantir segurança

DANIEL CARVALHO DO RECIFE

A maior concentração de sítios arqueológicos conhecida nas Américas, o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) passa por mais uma crise financeira e pode ter sua segurança reduzida a partir do próximo mês, tornando-se vulnerável a exploradores e pichadores.
Esta não é a primeira vez que a Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano), que administra o parque em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), ameaça encerrar suas atividades por falta de verba.
Mas, agora, a presidente da fundação, a arqueóloga Niède Guidon, tomou uma medida drástica: no início do ano, deu aviso prévio aos cerca de cem funcionários que trabalham no parque.
Ela diz que pretende vender os seis veículos da Fumdham para pagar as rescisões contratuais. O ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tem apenas dois servidores no parque. Os 34 seguranças contratados pelo instituto são terceirizados.
O chefe do parque, Fernando Tizianel, disse que, com a saída da fundação, seus vigilantes terão de deixar de fazer rondas para assumir as guaritas controladas hoje pela Fumdham.
"Não vamos conseguir manter no mesmo nível. O prejuízo é inegável", disse.
Segundo Guidon, por questões financeiras, das 28 guaritas do parque, que é Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, só 12 têm guarda. "É uma tristeza, mas o dinheiro em caixa dá para pagar só janeiro", disse a arqueóloga. "Se até o dia 31 não chegar dinheiro, teremos que despedir os funcionários."
Ela diz ter gasto fixo mensal em torno de R$ 400 mil, mas, neste mês, a reserva é de R$ 225 mil, sobra de um patrocínio de R$ 1,3 milhão da Petrobras no ano passado.
O ICMBio não repassa um valor fixo à fundação e o último aporte, de R$ 2,6 milhões, foi feito em junho de 2012, segundo a Fumdham.
Guidon disse ter pedido socorro ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no início de 2013, mas não teve resposta.
O Parque Nacional da Serra da Capivara tem 129 mil hectares e foi criado em 1979.No local, há mais de mil sítios arqueológicos pré-históricos.
O parque recebe, por ano, 20 mil pessoas. Os ingressos custam R$ 25, mas brasileiros e residentes no país pagam meia. A administração diz que o dinheiro vai para o governo federal.
OUTRO LADO
Em nota, o ICMBio informou que, mesmo que a saída da Fumdham se confirme, a segurança do parque está garantida. O instituto disse ter gasto R$ 908 mil no ano passado com vigilância. O orçamento deste ano, no entanto, ainda não foi definido.
O instituto afirmou também que há R$ 500 mil de compensação ambiental reservados para a unidade. Mas esses recursos só poderão ser liberados após a análise das contas de 2013 da Fumdham.
A Petrobras não informou se vai renovar o patrocínio, que vence em março. Já o Iphan disse que distribuirá R$ 500 mil entre 50 sítios arqueológicos neste ano, mas não há previsão para liberar os recursos.

FSP, 15/01/2014, Ciência+Saúde, p. C9

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/147730-em-crise-parque-arqueologico-do-piaui-pode-ficar-sem-seguranca.shtml
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