Documento não será alterado, diz negociador-chefe

OESP, Especial, p. H4 - 21/06/2012
Documento não será alterado, diz negociador-chefe
Embaixador Luiz Alberto Machado rebate críticas dizendo que faltou 'ambição de financiamento'

Herton Escobar

RIO - "Quem exige ambição de ação e não põe dinheiro na mesa está sendo no mínimo incoerente", disse ontem o negociador-chefe do Brasil na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. Foi uma clara resposta às críticas de representantes de vários países, que, mesmo tendo concordado com o documento final aprovado na terça-feira, qualificaram o resultado da conferência como pouco ambicioso.
'Não se pode exigir ambição de ação se não houver ambição de financiamento', diz Machado
"Não se pode exigir ambição de ação se não houver ambição de financiamento", disse Figueiredo. A falta de garantia de novos recursos para o desenvolvimento sustentável por parte de países ricos é apontada como uma das principais fraquezas do documento. Horas antes, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que gostaria de um documento mais ambicioso.
Diante de tantas expressões de descontentamento, a principal dúvida no Riocentro ontem era se o documento poderia ser reaberto para negociações e modificações antes do fim da conferência, na sexta-feira.
Figueiredo disse que não há essa possibilidade - apesar do fato de o documento só ser adotado formalmente na plenária final de amanhã. "Esse é o texto. Já foi negociado, já está fechado."
Menos enfático, Ban diz que a decisão final seria dos países. "Essa é a resposta natural dele", argumentou Figueiredo. "O papel dele é dizer que o que os países querem vai ser feito."
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira defendeu o documento, listando várias conquistas presentes no texto. Entre elas, o início do processo que levará à criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e à reafirmação dos princípios da Eco-92, em especial o das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. "Muitos países queriam rever legados de 1992."
Abrolhos. Izabella ressaltou a atenção dada na conferência aos oceanos. Em relação a isso, o Estado questionou por que o Brasil não criava mais áreas de conservação marinha.
Havia uma grande expectativa de que novas áreas protegidas seriam anunciadas na conferência para o Banco dos Abrolhos, entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. Semanas antes da Rio+20, audiências públicas foram convocadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade para debater um projeto, mas houve confusão e as audiências foram suspensas.
Izabella irritou-se com a pergunta e disse que unidades marinhas serão criadas quando tiverem "estudos bem feitos" para justificá-las. Especificamente sobre Abrolhos, disse que os governos estaduais e outras instituições pediram estudos mais detalhados sobre os projetos.

OESP, 21/06/2012, Especial, p. H4

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,documento-nao-sera-alterado-diz-negociador-chefe--,889139,0.htm
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