Biopirataria, turismo e mineração ilegal são problemas do Parque Nacional do Pico da Neblina

A Crítica - http://acritica.uol.com.br - 13/08/2011
A autuação de Sandro Cardoso por ter ingressado no Parque Nacional do Pico da Neblina é apenas mais um dos problemas enfrentados pela administração do Parque. A estrutura para controle é pequena.

O parque é maior que o Estado de Sergipe, mas apenas três funcionários do ICMBio estão destacados para cuidar da área.

Os principais problemas encontrados no Parque são o turismo clandestino, biopirataria e mineração ilegal (garimpos).

"Nossa capacidade de atuação é pequena, mas nós conseguimos nos unir a outros órgãos federais e isso nos dá uma margem maior para operações e fiscalização", afirma Flávio Bocarde.

O chefe do Parque, no cargo há pouco mais de um mês, diz que sua prioridade é conseguir "reabrir " a unidade para o turismo. Diversas agências de turismo vendem pacotes para visitas ao Parque mesmo com a unidade fechada para a atividade.

"Estamos conversando com os indígenas que moram lá para tentar encontrar uma forma de explorar o turismo na área de forma sustentável. Hoje, o turismo clandestino é uma realidade e isso nos preocupa. O parque está degradado, os turistas ilegais deixam lixo e, já tivemos relatos de que turistas chegam a usar drogas nas aldeias ianomâmis. Isso é muito perigoso", afirma Bocarde.

A primeira iniciativa do novo chefe do Parque Nacional do Pico da Neblina é tentar reabrir a trilha que leva ao cume que dá nome à unidade. O Pico da Neblina é ponto culminante do Brasil com 2.993 metros de altura. Bocarde diz que está tentando um acordo para capacitar os indígenas que vivem na região para explorar o turismo sustentável. "A pressão dos próprios indígenas para que o parque seja reaberto é muito grande. Eles querem o turismo. Nossa idéia não é manter o parque fechado, mas não podemos deixar que as pessoas entrem sem nenhum tipo de controle", afirma.

Situação confusa
Para o procurador federal Carlos Alberto Barreto, especializado em Antropologia, a situação legal do Parque Nacional do Pico da Neblina é muito confusa. Mesmo assim, ele acredita que, diante dos recentes pareceres judiciais, os índios têm autonomia para convidar e receber convidados em suas terras.

"Não existe mais a tutela dos índios, principalmente no caso de índios com histórico de contato com os dito homem branco. No caso dos ianomâmis, há grupos isolados e outros que já mantém contato com a sociedade envolvente há muito tempo. Se eles não podem convidar e receber pessoas em suas terras, temos que rasgar a constituição", afirma.

Flávio Bocarde, por sua vez, afirma que o turismo descontrolado no Parque pode trazer riscos às populações ianomâmis mais isoladas. "Nós não sabemos que tipo de doenças essas pessoas estão levando para aquela região. Os ianomâmis estão sujeitos epidemias que podem ser trazidas por essas pessoas. Além disso, o impacto social da presença de gente estranha naquela área é muito grande", analisa.




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