Biodiversidade e óleo dividem espaço na costa brasileira

OESP, Vida, p. A29 - 11/12/2011
Biodiversidade e óleo dividem espaço na costa brasileira
Segundo o Greenpeace, 8,7% das áreas prioritárias para conservação estão sob concessão

Cerca de 8,7% das áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade marinha na costa brasileira estão sob regime de concessão para prospecção ou exploração de petróleo, segundo um relatório lançado no ano passado pelo Greenpeace.
O documento cruzou dados dos Ministérios do Meio Ambiente e das Minas e Energia. A costa brasileira - de cerca de 8,6 mil quilômetros - apresenta grande diversidade de paisagens, entre elas muitos manguezais, áreas consideradas extremamente sensíveis aos derramamentos de petróleo.
O tamanho do "conjunto intersecção" entre áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e áreas cedidas para exploração petrolífera é maior para as Regiões Nordeste (17,35%) e Sudeste (21,8%).
"No Nordeste, a região do Parque Nacional dos Abrolhos, na Bahia, é emblemática. Lá está a principal formação de corais do Atlântico Sul e a pressão pela exploração petrolífera é muito grande", afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace.
Ela afirma que um grupo de ambientalistas está pleiteando ao Ministério do Meio Ambiente um aumento de 20% do Parque Nacional de Abrolhos.
"Hoje sabemos que o parque só protege 2% dos recifes de coral da região. Quando ele foi criado, não tínhamos o conhecimento suficiente para saber que era necessária uma área de amortecimento em seu entorno. Então, ele é muito pequenino, o que complica ainda mais a situação com as plataformas de exploração de petróleo", diz Leandra.
Pontos preocupantes. No Sudeste, Leandra destaca a área que cerca o porto de Santos e o corredor de biodiversidade Vitória-Trindade. "São os pontos mais preocupantes, além, é claro, do Rio, nosso principal destino turístico", diz. "Na Região Sul, destaco o Estado de Santa Catarina que, além de uma indústria pesqueira forte, tem muito de sua receita originada no turismo. Sem contar que é o único local do País onde ocorrem as baleias-francas", lembra Leandra.
No Norte, a região entre o Amapá e o Maranhão concentra quase 30% dos manguezais brasileiros e "há prospecção bem próxima deles", diz Leandra. Os manguezais ocupam uma área aproximada de 14 mil km² no País, mas apenas 13% deles estão protegidos em unidades de conservação. Na semana passada, uma emenda polêmica aprovada no Código Florestal votado no Senado permitiu a "consolidação" de ocupações ilegais de manguezais para criação de camarão e a utilização de apicuns para os mesmos fins. A emenda foi duramente criticada por ambientalistas. / K.N.


Combate ao óleo

Deixar quieto
Segundo especialistas, as opções de combate a vazamentos de óleo dependem das circunstâncias do acidente. Em alguns casos, o melhor é deixar a mancha dispersar sozinha. Por exemplo, quando o óleo se move em direção a alto mar.

Dispersantes
O dispersante é uma espécie de detergente, que quebra a tensão superficial do óleo e o transforma em pequenas partículas. O produto aumenta a solubilidade do óleo, tornando-o mais disponível aos organismos marinhos, o que é ruim. É mais um agente químico na água, além do óleo.

Fogo
A queima do óleo na superfície gera perigo de explosão e aumenta a temperatura no entorno da mancha, originando outros compostos químicos.

OESP, 11/12/2011, Vida, p. A29

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,biodiversidade-e-oleo-dividem-espaco-na-costa-brasileira-,809431,0.htm
Recursos Hídricos:Geral

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