Óleo de navio contamina parque e já ruma para SP

FSP, Cotidiano, p. C8 - 20/11/2004
Óleo de navio contamina parque e já ruma para SP

Da agência Folha, em Curitiba

O óleo que vazou do navio Vicuña, destruído por uma explosão no porto de Paranaguá (PR) na segunda-feira, chegou ontem à primeira ilha do Parque Nacional de Superagüi, fazendo um movimento de subida em direção ao litoral sul de São Paulo, empurrado pelas correntes e pelo vento sul .
Apesar do quadro, as autoridades ambientais ainda não davam a guerra contra o óleo como perdida. O superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Paraná, Marino Gonçalves, disse não poder descartar que a mancha alcance o litoral paulista. "Vai depender dos ventos e das correntes", afirmou.
As bombas de sucção do óleo que continuava vazando foram substituídas ontem por mangueiras de diâmetro maior. As autoridades presumem que o metanol armazenado (cerca de 5 milhões de litros) tenha queimado.
Na ilha do Cardoso, área protegida no litoral sul de São Paulo, ao norte de Paranaguá, a mancha ainda não havia sido detectada na tarde de ontem. "Estamos monitorando por rádio com os pescadores de Superagüi", disse por telefone o proprietário da marina Cananéia, Ricardo Prey, da cidade do mesmo nome.
Segundo o superintendente do Ibama no Paraná, a ilha do Mel (área de turismo ecológico) "está totalmente tomada", como também todos os manguezais da baía de Paranaguá. A mancha também já apareceu em Pontal do Sul, a primeira praia ao sul do porto.
O Vicuña carregava 1,5 milhão de litros de óleo do tipo bunker quando explodiu ao descarregar metanol no terminal de inflamáveis da empresa Cattalini. Dois tripulantes morreram em duas explosões seguidas, e dois continuavam desaparecidos ontem.
Gonçalves disse que o Ibama exigiu das empresas até 50 mil metros de bóias de contenção e absorção do óleo na água, mas tinha conhecimento de que só 20 mil haviam sido providenciados.
Equipes de salvamento já recolhem animais mortos. Os agonizantes -como botos, tartarugas e aves- estão sendo medicados.
O superintendente não descartou a hipótese de responsabilizar também a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) pelos danos à fauna e à vegetação da região, que, acredita, serão permanentes.
"A administração do porto deveria ter contribuído no processo de contenção dos danos", afirmou. O porto é dirigido por Eduardo Requião, irmão do governador Roberto Requião (PMDB). O píer onde ocorreu o acidente é alugado à Cattalini.
Desde as 21h de quarta-feira, a dona do terminal, a agenciadora da carga, o armador e a seguradora do navio (o consórcio P & I) pagam multa diária de R$ 1 milhão pelas falhas no combate ao vazamento e a dispersão do óleo.
O engenheiro consultor da Cattalini Henrique Lage disse que as conseqüências do acidente seriam reduzidas se o Vicuña não tivesse abastecido antes de atracar.

FSP, 20/11/2004, Cotidiano, p. C8
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