Diante dos escassos conhecimentos sobre os recursos minerais da Amazônia e o pouco incentivo à pesquisa mineral, a disponibilidade de uma área com incidência de cobre e já com estudos iniciados, no município de Apuí, não pode ser desperdiçada. Essa é a opinião do Associação Profissional dos geólogos do Amazonas (Aprogam), que discorda da inclusão daquela área no Parque Nacional que o Governo Federal pretende criar.
Segundo Nelson Bueno, membro do conselho diretivo da Aprogam, aquela é uma das poucas regiões que já foram pesquisadas quanto à incidência de metais. Ele conta que a área foi sondada para confirmação de ocorrência de cobre na década de 70. Mais recentemente, a Angloamérica - uma das maiores empresas de mineração do mundo - que vinha estudando a área, desistiu das pesquisas.
"Não sabemos porque eles largaram, mas, para ter sondagem, a área precisa ser atrativa. Trata-se de uma área potencial de que poderemos abrir mão caso seja incluída no parque nacional, uma área que deveria ser prioritária para mineração", avaliou.
Sobre o repentino desinteresse da Angloamerica pela área, o geólogo ponderou que o enfoque daquela empresa são mega jazidas. "Outras empresas, com um outro enfoque, podem se interessar. Mas, para isso, ainda são necessários vários estudos para confirmar a existência de uma reserva e determinar se sua exploração é ou não viável".
O Ipaam já realizou zoneamento ecológico naquela região e atestou a ocorrência, não apenas de cobre, mas também de calcário e outros minerais, embora em proporções aparentemente não rentáveis. "Em todo caso, é melhor adotarmos um outro modelo de proteção", disse o presidente do Ipaam, Estevão Monteiro de Paula.
Na reunião do dia 11, foi definida uma agenda de eventos para levar o debate sobre a criação do Parque Nacional Juruena a todos os segmentos interessados. A agenda culminará em 10 de dezembro, com um evento cujo formato ainda será definido. Estevão também comentou que o Governo Federal tem pressa na criação do parque, pois o presidente Fernando Henrique quer criar esse e outros parques até o final de seu mandato. "Mas é preciso ouvir o Estado".
(-A Crítica-Manaus-AM-19/10/02)
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