Tupinambás controla espécies exóticas invasoras

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/ - 06/07/2015
Ação faz parte do projeto de monitoramento e controle da invasão por Coral-sol na Estação Ecológica Tupinambás


A equipe da Estação Ecológica (ESEC) Tupinambás - Unidade de Conservação (UC) localizada no estado de São Paulo - realizou, no último mês de junho, uma expedição de controle do coral-sol, espécie exótica invasora, isto é, espécie que se encontra fora do seu habitat e se prolifera sem controle, causando riscos às espécies nativas e ao ecossistema.

Saiba mais sobre espécies exóticas invasoras

A operação, que contou com apoio do Corpo de Bombeiros de Caraguatatuba (SP), faz parte do Projeto de Monitoramento e Controle da Invasão por Coral-Sol na Estação Ecológica Tupinambás e Entorno. De acordo com a analista ambiental Kelen Leite, o objetivo do projeto é mapear, controlar e monitorar a invasão por coral-sol nas regiões do Arquipélago dos Alcatrazes e Arquipélago da Ilha Anchieta, nas áreas da Estação Ecológica e no seu entorno imediato, além de testar diferentes métodos de retirada e controle do coral invasor.

"No Brasil não existe nenhum predador natural para o coral-sol e a espécie compete diretamente com os nossos corais nativos, causando grande desequilíbrio e perda de biodiversidade, o que gera impactos na cadeia trófica e no ecossistema marinho como um todo", explica Kelen.

De acordo com a analista, o coral-sol prejudica, por exemplo, o coral-cérebro, espécie nativa que perde espaço e acaba morrendo devido à proliferação da espécie invasora. Isso ocorre pois o coral-sol produz algumas substâncias que impedem sua predação por peixes e outras que causam necrose em corais nativos, caso do coral-cérebro. Todas essas características fazem do coral invasor um competidor mais forte se comparado às espécies brasileiras, podendo levá-las até mesmo à extinção.

Resultados da operação

Durante a expedição foram retiradas 376 colônias do coral invasor, em um dos pontos de maior concentração da espécie exótica dentro da Estação Ecológica Tupinambás. Na primeira etapa do projeto, realizada em outubro de 2014, foram retiradas 3732 colônias - 1041 dentro da UC e 2691 no entorno imediato. Nessa expedição inicial foi possível perceber que o nível de infestação era maior do que se imaginava, indicando a necessidade de cuidados e acompanhamentos constantes.

Segundo Kelen Leite, o projeto de monitoramento e controle do coral-sol será permanente, com duas expedições por ano. "O ideal é retirar as colônias adultas antes dos períodos de reprodução massiva, que ocorrem nos meses de fevereiro e junho. Nosso objetivo é manter a infestação em níveis mínimos", afirma a analista ambiental.

Sobre o coral-sol

Registrado originalmente no Oceano Pacífico (ilhas Fiji), o coral-sol (Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea) se dispersa naturalmente por meio de larvas e corais jovens na coluna d´agua. No entanto, essa dispersão foi modificada e potencializada pelo transporte marítimo - incrustação em cascos de navios - e pela aquicultura - cultivo de organismos aquáticos em condições controladas -, uma vez que é também considerada uma espécie ornamental.

Na década de 1940, o coral-sol foi registrado no Oceano Atlântico (ilhas de Curaçao e Porto Rico) e, em menos de 60 anos, se espalhou pelo Caribe e Golfo do México. No Brasil, foi identificado na década de 1980 no Rio de Janeiro e, posteriormente, em Santa Catarina (2009), São Paulo (2011) e Bahia (2012). O primeiro registro da espécie na Estação Ecológica Tupinambás ocorreu em 2011, durante levantamentos para elaboração do Plano de Manejo da UC.

A incrustação em cascos de embarcações e plataformas de petróleo é atualmente considerada um dos principais fatores de introdução de espécies invasoras marinhas. A Estação Ecológica está localizada entre os dois maiores portos da América Latina em volume de carga (Santos e São Sebastião), bem como entre as rotas de acesso a esses portos, o que intensifica as possibilidades de infestação.

Outro agravante é o fato de a espécie ser capaz de se reproduzir de diversas maneiras: fecundação cruzada (quando os gametas feminino e masculino se juntam e geram uma larva, que forma novas colônias), autofecundação (uma mesma colônia gera gametas masculinos e femininos e se autofecunda) e reprodução assexuada (mecanismo mais primitivo, que ocorre quando pequenos fragmentos da colônia geram novos indivíduos).

Com o Projeto de Monitoramento e Controle da Invasão por Coral-sol, a Estação Ecológica Tupinambás busca manter a infestação em níveis mínimos, diminuindo os impactos sobre os ecossistemas nativos protegidos pela Unidade de Conservação, além de ampliar o conhecimento sobre manejo da espécie invasora, fundamental para subsidiar estratégias eficazes de controle.



http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/6877-tupinambas-realiza-controle-de-especies-exoticas-invasoras.html
UC:Estação Ecológica

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Tupinambás
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.