Fiscais do ICMBio aterrorizam seringueiros no Acre

Agência Amazônia - http://www.agenciaamazonia.com.br - 16/05/2011
Produtores da região do Igarapé Mercedes, na região do Jordão, no Acre, denunciaram uma ação truculenta de fiscais do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio), que armados, levaram pânico e terror a famílias de seringueiros isoladas na floresta amazônica.

Na Reserva Extrativista do Alto Tarauacá, colocação Alagoas, o seringueiro José Coelho foi multado pelos fiscais do Instituto em R$ 10 mil. O motivo: ter matado uma onça que estava ameaçando a sua família nas imediações da casa da família. No momento da multa, segundo Coelho, os fiscais disseram que "gado é comida de onça e tinha que deixar comer mesmo".

- Me senti humilhado; Eram quatro pessoas armadas até os dentes. Eles [fiscais do ICMBio] chegaram ao meu roçado e não quiseram nem ir à minha casa e foram logo me multando. Somos pais de família, trabalhadores honestos e não vamos aceitar esse tipo de truculência - desabafou José Coelho, indignado com a atitude dos fiscais.

José Alves de Abreu habita naquela região há 35 anos. É pai de nove filhos e mora no interior da Reserva do Alto Tarauacá. Com 70 anos de idade, Abreu também foi outra vítima da truculência dos fiscais do ICMBio. "Seo" Abreu foi multado em R$ 1 mil devido ao fato de seu filho ter dado de presente um jabuti para o vizinho de colocação.

- Me pegaram de surpreso. Estava sozinho com as crianças. Os fiscais chegaram, armados, e nem quiserem conversar. Aplicaram um multa a mim porque meu filho deu um jabuti para o vizinho - relata o seringueiro.

Um dos moradores mais experientes daquela área, José Abreu conta que vive ali há 35 anos e nunca tinha sido alvo de tipo de ação. Ainda de acordo com o seringueiro, durante a operação os fiscais do ICMBio disseram que ele deveria se desfazer de algumas cabeça de gado - uma herança de sua neta.

"Seo" Abreu conta ainda que os fiscais do ICMBio revistaram, sem autorização, os pertences dos membros de sua família. Para ele, a ação dos fiscais é "absurda" e de ser levada ao conhecimento das autoridades. O seringueiro conta:

- Os fiscais entraram no comércio do meu filho, reviraram seus objetos pessoais e as roupas dele à procura de animais. Eles diziam que meu filho estaria comercializando animais. Isso nunca aconteceu em minha família. Fiquei assustado - conta o seringueiro, afirmando que nem o galinheiro escapou da fiscalização.

O filho de "seo" Abreu é agente de saúde do naquela região. Ele conta que as famílias que ali vivem estão completamente isoladas da civilização. "As famílias estão isoladas no interior da floresta. Elas nem sal têm para temperar a comida", explica José de Abreu. Ainda de acordo com ele, a escola existente na região está fechada e as crianças estão sem aulas.

Procurada, a direção do ICMbio em Tarauacá não se manifestou sobre a denúncia dos seringueiros.



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